Um ano depois, quando a minha amiga Ana o leu notou logo. E disse-mo.
Foi um baque.
Outros leitores o notaram, com certeza, mas não mo disseram.
Eu, que o tinha lido tantas vezes – vezes sem conta – não o notei; a revisora de texto que o leu, também várias vezes, não o notou. E aconteceu.
Sim, poderão dizer-me que acontece muitas vezes, até com os escritores mais experientes (no melhor pano cai a nódoa). Mas quando nos toca a nós, a coisa muda de figura.
A minha primeira reação foi desbaratar: que era preciso corrigir; que não venderia mais nenhum; que temos de ter respeito pelos nossos leitores; que isto, que aquilo…
Uns dias depois, com a ajuda do travesseiro – o travesseiro é mesmo um bom conselheiro – e do silêncio – ah, como o silêncio ajuda a pôr as ideias em ordem! –, fui tecendo uma solução possível.
Já não havia nada a fazer em relação ao erro ortográfico, ali, escarrapachado. Muitas pessoas já compraram o livro. Além disso, o que fazer com os livros já impressos ainda não vendidos? Deitá-los fora e imprimir de novo? E a responsabilidade ambiental, onde fica?
Podia fingir que não sabia ou ignorar e acreditar que os meus leitores também o fariam.
Podia iludir-me, pensando que muitos dos leitores não o notariam.
Podia esquecer este livro, pô-lo de parte, deixá-lo ao abandono.
Mas não, nenhum destes era caminho. Não me podia enganar a mim nem aos meus leitores.
E afinal, é a vida a acontecer; só não erra quem não faz (parece que é a mim que estou a tentar convencer, mas não, já passei essa fase).
Então, porque não tornar algo triste e dececionante em algo divertido?
E assim fiz.
Um ano após o lançamento do livro “Clube de Sonhadores e Aspirantes a Sonhadores”, quero dizer abertamente aos meus leitores que há um erro ortográfico (sim, é mesmo um erro, não é uma gralha) no meu livro; e que decidi propor às crianças (e outros leitores) um jogo: A Caça ao Erro.
O marcador de páginas com sugestões de leitura e as informações do jogo pode ser descarregado nas ofertas
Acredito que as crianças, depois deste desafio, nunca mais esquecerão esta palavra; e acredito também que, a partir desse dia, hão de escrevê-la corretamente – sempre.
Afinal, somos humanos: erramos e aprendemos (devemos aprender) com os erros.
Ponham as vossas crianças a seguir as pistas e contem-me como foi.
Depois, sentir-me-ei ainda melhor.