Blogue

Parte 2

Ao longo dos séculos, os sinos sofreram grandes transformações na forma, dimensão e uso. E, de importantes e eficientes meios de comunicação, passaram também a bonitos e apreciados instrumentos musicais.

De formas muito rudimentares e sons imperfeitos, os exemplares mais antigos conhecidos, datados do segundo milénio antes de Cristo, são de origem chinesa, e alguns de origem assíria, que remontam a cerca de 800 a.C. 

Os sinos começaram por ser de dois tipos: uma espécie de taça, percutida da parte de fora, com um martelo, e cónico, ou em forma de colmeia, de parede convexa, percutido da parte de dentro, com um badalo.

Na capela da minha aldeia, tal como em muitas outras, o arame preso à sineta permite, a partir do chão, fazê-la soar.

E que bonito é o singelo campanário da capela do Espírito Santo, em Gatão!

O som do sino – a sua nota musical característica – é determinado pelo seu tamanho, pela forma e pela espessura onde o badalo ou o martelo vai percutir. Quanto maior e mais pesado mais grave é o som. 

A composição do bronze na proporção certa – 78% de cobre e 22% de estanho –, a forma de vazar o metal e a velocidade de arrefecimento são também determinantes para a qualidade do som, dizem os fabricantes.

O sino também tem de ser afinado, para ficar com um timbre rico e puro. A afinação é a última etapa do fabrico. Os sons são medidos e, se necessário, é retirado material do seu interior até ficar afinado. Um trabalho de mestre, este da afinação.

Diz-se que o som do sino é como um coro de cinco vozes bem afinadas; e que belas peças musicais com sinos e carrilhões é possível fazer – verdadeiras peças de arte!

Tocar um ou  vários sinos é uma arte; construir sinos é também uma arte. 

Os mais antigos eram de ferro, quadrangulares e, normalmente, ornamentados com motivos guerreiros, mitológicos ou místicos, e eram tocados com um maço ou outro objeto, na parte exterior. Hoje, o fabrico em de bronze permite uma forma redonda, mas a arte milenar de os construir mantém-se quase igual, artesanal.

A palavra sino tem origem no latim «signum», que significa sinal, marca. Sem dúvida uma marca muito importante para o povo, ao longo de séculos.

O papel utilitário do sino mistura-se com o simbólico, até aos dias de hoje. Os sinos são elementos centrais das comunidades. A sonoridade de um sino estará sempre ligada à (construção da) memória das terras, a eventos comunitários, a um povo, a um sentido de pertença.

A sua simbologia é tão ampla (e fascinante!) que este instrumento tem sido alvo de estudo por vários ramos e ciências: a acústica, a arqueologia, a arquitetura, a eclesiologia, a etnologia, a história, a musicologia, a campanologia.

As preocupações com a poluição sonora levaram à criação do primeiro regulamento geral sobre o ruído,  em 1987, para salvaguardar a saúde humana e o bem-estar das populações; um regulamento que vem limitar a utilização de instrumentos sonoros, incluindo o sino, com base no critério de amplitude sonora.

E para finalizar esta viagem, alguns termos:

Campana: sino pequeno; sineta.

Campanário: parte da torre onde estão os sinos; torre sineira.

Campanologia: Ciência que estuda os sinos e a arte de os tocar.

Campanólogo: pessoa que se dedica à campanologia; aquele que toca peças de música em sinos, campainhas ou copos.

Carrilhão: conjunto de sinos afinados em tons diversos com que se executam peças musicais; peça musical tocada com um conjunto de sinos.

Carrilhonista: pessoa que toca carrilhões.

Sineira: abertura na parte superior da torre onde se encontra o sino e por onde os seus sons são propagados; mulher encarregada de tocar o sino.

Sineiro:  pessoa encarregada de tocar o sino; fabricante de sinos.

Sineta: sino pequeno.

 

Muito mais haveria para dizer sobre o tema, mas fico-me por aqui, que não te quero enfadar. Mas se quiseres acrescentar mais alguma informação ao que aqui foi dito, diz-me. Obrigada.

As vozes dos  sinos, um dos instrumentos mais antigos do mundo,  fazem parte da paisagem sonora das nossas aldeias, vilas e cidades, da nossa cultura; o sino é voz da memória tal como as lendas que convertemos em livros, para que as vozes do povo continuem a ressoar. Escutemo-las!

 

Os 4 livros da coleção de lendas «Vale de Tesouros» encontram-se à venda na Biblioteca Municipal de Vale de Cambra, na sede da Associação dos Amigos da Pontemieiro e na wook; e também podem ser adquiridos através de mensagem pelas nossas redes sociais: perfil facebook, página facebook e instagram.

 

Deixe um comentário

O teu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Recebe todas as novidades!

Subscreve a nossa newsletter e recebe todas as novidades sobre o Canteiro das Violetras.