Corria o ano de 2016, apressado, em direção ao Natal, quando chegou às minhas mãos a coletânea «Lugares e Palavras de Natal 2016». Foi no dia 3 de dezembro, dia do seu lançamento, no emblemático café Progresso (hoje com outro nome e outro proprietário), no Porto, autodenominado o café mais antigo da cidade e famoso por ser o único local que servia café de saco.
No miolo deste livro, na página 188, estava um poema meu.
A experiência de ver pela primeira vez um texto nosso num livro é saborosa e única.
Em 2017 voltei a participar. E nos anos seguintes, até 2021.
Hoje deixo-te aqui os meus poemas das coletâneas de 2016 e de 2017. E um saudosismo…
Natal foi…
Natal foi procurar o mais lindo pinheiro,
O mais lindo azevinho,
E enfeitá-lo com carinho.
E encontrar o musgo mais exuberante,
Para que cada figura de barro,
Ainda que a descamar,
No presépio ocupasse o devido lugar.
Foi sentir devagar,
E saborear o mais “grosso” bacalhau do ano,
Com sabedoria demolhado,
Pela caleira que vem do telhado,
Ou pelas águas frescas da fonte.
Foi dormir depressa
Na noite de consoada
E correr para o sapato
Junto à lareira deixado.
Foi estrear roupa nova
E pelas ruas da aldeia desfilar,
Devagar…
Como numa história de encantar.
Onde estará aquele Natal
Que guardo no coração?
Estará como o azevinho,
Já em vias de extinção?
«Lugares e Palavras de Natal 2016», pág. 188
Desaparecido
Desapareceu pelo próprio pé
Não disse onde ia nem a razão.
Deixou um rasto de saudade
Um vazio no coração.
Parece que foi visto,
Várias vezes, aqui e além.
Dizem, quase irreconhecível.
Só o olhar se mantém.
Recordo-te com nostalgia,
De tanta falta que me fazes.
Volta atrás, não vás embora.
Vamos fazer as pazes.
Volta Natal, volta!
Não te deixes arredar,
Que outros se fazem passar por ti.
Volta Natal, ao teu lugar!
«Lugares e Palavras de Natal 2017», pág. 162
E tu? Que relação tens com o Natal?