E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?
José Saramago
Há uns anos, como professora bibliotecária, dinamizei vários clubes de leitura em escolas de Arouca.
Em 2022 fazia-o em duas escolas do 1.º ciclo (Canelas e Alvarenga), com alunos do 3.º e 4.º ano, e na Escola Básica de Arouca, antiga EB23, com alunos do 5.º e 6.º ano. As sessões eram quinzenais.
Os alunos liam o livro da sessão e o diálogo sobre a leitura era sempre muito rico. No início eu falava um bocadinho do autor e do ilustrador (e às vezes mostrava uma fotografia dos autores) e tinha sempre um guião com algumas perguntas para orientar a sessão, mas muitas vezes a conversa resvalava para outros caminhos, e isso era bom.
Havia sempre comentários e situações curiosas. Lembro-me de um aluno do 3.º ano dizer que tinha gostado muito do livro «Carlos Paredes – O Menino que se apaixonou por uma guitarra» e por isso decidiu aprender a tocar viola.
As sessões com os alunos do 2.º ciclo eram sempre ao fim da tarde, fora do horário letivo deles e do meu. Era a única forma de conseguir conciliar horários tão discrepantes (horário escolar e demais atividades como academia, piscina, futebol, etc.).
Ficávamos na biblioteca, em círculo, e por toda a escola reinava o silêncio. Só os passos do funcionário, que haveria de fechar a porta, se ouviam, às vezes.
Tentei criar um grupo com alunos do 3.º ciclo e do secundário, mas não consegui… Teria feito um esforço maior para arranjar uma estratégia de os puxar, se o meu tempo esticasse… mas já tinha 3 clubes. Já era muito bom.
Este ano letivo iniciei outro clube que já desejava há muito – com os pais dos alunos, com a leitura de livros infantis.
Acontece na segunda terça-feira do mês, online, às 21h, durante cerca de quarenta e cinco minutos, da seguinte forma: são escolhidos dois livros infantis por sessão, que circulam pelos participantes. Cada sessão começa com dez minutos de leitura individual e silenciosa de um livro, revista, ou outro à sua escolha de cada participante, segue-se a leitura de um excerto dos livros infantis do mês e a partilha de opiniões e comentários aos mesmos.
Neste momento este clube é aberto à comunidade em geral (mesmo a quem não leu os livros) e sempre que possível, conta com a participação dos autores.
Os pais são fundamentais no processo de criação de leitores e na promoção da leitura. E desta forma também se promove a socialização e se cria espaço para a discussão literária.
A Editora Trinta Por Uma Linha juntou-se a esta iniciativa, com a oferta de livros para o clube, que depois integrarão o catálogo da biblioteca. E ficamos muito gratos por isso também.
Até à data (e já são cinco sessões), eu escolhi os livros, mas deixei esta possibilidade, desde o início, também aos pais. E se algum outro participante quiser sugerir um livro, também o pode fazer.
Queres participar neste clube? Queres sugerir um livro para este clube?
Maria Teresa Portal Guimarães de Oliveira
Vai em frente. Quem me dera poder fazer o mesmo.
Isabel Gonçalves
É mais fácil quando temos turma, sem dúvida!