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Escolhida a equipa era necessário dar um nome ao projeto. Entre pesquisas, chuva de ideias e conversas com familiares (crianças e adultos) passou muito tempo, mas lá saiu fumo branco:  “habemus nomen”: Vale de Tesouros.

O logotipo ficou a cargo de Carla Anjos – a ilustradora de serviço – que, com paciência de Jó, alterou um ou outro pormenor, um espaço mais abaixo ou mais acima, letras assim ou assado… até ao nosso aval final.

Mais uma etapa!

Depois era preciso definir o formato e o tamanho do livro, o que incluiria, e muitos outros pormenores.

E nestas coisas não há como ir às bibliotecas municipais (e ver o que há lá por casa, na biblioteca pessoal), feiras de livros, superfícies comerciais – ver, requisitar, comprar, reunir e espalhar tudo em cima da mesa; anotar ideias.

E que lendas?

Decidimos debruçar-nos sobre narrativas associadas a um local – recolhidas junto das pessoas mais velhas, sempre que  possível.

Há tanto património oral que corre o risco de se perder! Poderíamos ficar o resto das nossas vidas a trabalhar neste projeto que não esgotaríamos o manancial.

Restringir o livro à contação da lenda não nos satisfazia. Teríamos de criar as tais dinâmicas para dar a conhecer e contribuir para a valorização também do espaço circundante.

Por isso, a ida aos locais tornou-se uma constante. Muitos quilómetros percorridos, muitas conversas com as pessoas, muitas  recolhas, muitas fotografias, muita emoção, muito entusiasmo, … muito trabalho.

Reunimos com os presidentes das juntas de freguesia do concelho, com  elementos da câmara municipal, com diversos entusiastas destas coisas.

E a reescrita das lendas?

É um processo moroso, com trabalho individual e de grupo, com reuniões presenciais ou online – para que não se perca a essência da narrativa.

A revisão não é descorada: sabemos todos muito bem que, depois de lermos o mesmo texto milhentas vezes, já não detetamos gralhas nem coisíssima nenhuma.

Por isso, para evitar situações desagradáveis, recorremos também a uma profissional para a revisão de texto – a Ana Monteiro.

E as ilustrações?

São todas baseadas no real, o mais possível. E também neste caso, Jó, que é com o quem diz a Carla, ouve as nossas sugestões, vem ao local para conhecer e inspirar-se.

É também um processo moroso e exigente, o de ilustração e paginação. É necessário dividir o texto por páginas; experimentar  para ver como fica de uma maneira ou de outra: “talvez a ilustração tenha de ser desviada para não ficar a  morder o texto”; “não gosto de ver aquela vogal isolada no fim da linha”; “é melhor não quebrar a frase aqui, e muito menos a palavra”.

“Enviei nova versão. Vejam se está bem”.

E é assim – durante meses.

Leitores Beta – adultos e crianças – são fundamentais. É especialmente para as crianças que escrevemos e elas são excelentes críticos. Os adultos – que também se encantam com os livros infantojuvenis – têm a outra visão. Duas importantes perspetivas que temos em conta, também.

 “É preciso contratar uma gráfica. Era bom que fosse da terra. Vamos falar com eles pessoalmente, expor as nossas ideias: uma capa com relevo “assim e assim”, um mapa, …

E fomos – várias vezes.

“Temos aqui algumas amostra. Será isto que pretendem?”.

“Não é bem isso…”

“ Vou falar com o fornecedor para ver se ele tem algo que vá ao encontro do que pretendem”;

“Voltamos cá depois, então, para ver”

“Ah, já agora, nós trabalhamos com papel feito a partir de madeira de florestas sustentáveis!” “Que bom!”

E o lançamento do livro?

Tem de ser no local, intimista – que nunca mais as pessoas olhem para aquele sítio com os mesmos olhos.

Estes são apenas alguns pormenores de bastidores, até que uma lenda chegue ao público sob a forma de livro.

É um trabalho árduo, sem dúvida – mas muito, muito gratificante. É a sensação de dever (quase) cumprido.

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