Levar este projeto avante seria muito importante para a freguesia que me viu nascer – Cepelos – estava convicta.
Queria que acrescentasse, de facto, algo ao que já existe.
Queria trazer para o presente e deixar para o futuro: as memórias, os contos à lareira, as histórias das nossas gentes.
Como todos sabemos, ensinar às crianças a história da localidade e falar dos monumentos, dos vestígios e das personalidades não é suficiente para as envolver e consciencializar de que são um agente indispensável no processo histórico.
Tendo isso em mente, pus-me logo a magicar diversas dinâmicas à volta das lendas, que permitissem às crianças, família e amigos o reencontro com a sua terra e as suas gentes – conhecer, usufruir, conviver, preservar, divulgar.
Ora, um projeto assim – ambicioso – não poderia restringir-se a uma freguesia.
Era preciso alargar esta empreitada a todo o concelho.
Mas…
Não poderia fazê-lo sozinha. Era demasiado exigente. E eu queria muito partilhar e discutir este projeto com mais alguém. Discutir esses assuntos apenas com o marido, durante as caminhadas matinais, não era suficiente – e corria o risco de enfadar o interlocutor.
A Cláudia e a Clarisse – duas filhas da terra, também apaixonadas pela arte e pela palavra – foram as pessoas que me ocorreram quase de imediato.
Cada uma de nós – com características próprias e distintas, que se complementam – traria os ingredientes necessários ao desafio.
E fiz-lhes a proposta.
Ultrapassados os receios iniciais, lá disseram o sim – cientes de que a jornada teria tanto de gratificante como de trabalho árduo.