Frágeis. Delicadas. De beleza selvagem.
Violeta-bravas. Poesia — em todo o seu esplendor.
Estamos em fevereiro e elas começam a despontar no meu jardim. À volta tudo pálido ainda, adormecido.
E elas ali, a desafiar as outras plantas. E florescerão, efusivas, até finais de junho.
Mesmo inodoras, inebriam.
A simplicidade esconde o seu potencial: alimenta diversos insetos polinizadores; é hospedeira; pode ser usada na alimentação humana; tem propriedades medicinais, emolientes e expectorantes; é utilizada na cosmética; ornamenta qualquer jardim – com um tapete verde salpicado de violeta que atrai as borboletas.
Sim. Há uma razão para falar das violetas. Noutra altura, explicarei.
Hoje, quero apenas dar-lhes as boas-vindas, às violetas, e deixar-te um poema – com violetas.
A Violeta Leta e a Borboleta Beta
A Violeta Leta A Borboleta Beta
Tem uma chapeleta Faz arriscada pirueta
De cor violeta Sobre a Violeta Leta,
E mora mesmo à beira Que é a sua moradia
Da fresca ribeira. de noite e de dia.
A Violeta Leta A Borboleta Beta
Com uma mão na caneta Chegada da roleta
E a outra na maçaneta Com a sua camisa obsoleta
Por linhas direitas escreve torto Deitou-se na cordada*
Mesmo quando faz desporto. Habilmente bordada.
Mas um certo dia,
A Borboleta Beta, quem diria,
Abandonou a moradia.
Mas que grande ousadia!
De tão triste, a Violeta Leta
Até perdeu a chapeleta
De vistosa cor violeta.
E da Borboleta Leta
Nem sinal, nem pirueta.
*Cordada – folha de limbo arredondado com a forma de um coração.
Obrigada César Obeid pelas dicas de escrita de poesia e pelo comentário ao meu poema:
“Está bonito, está gostoso de ouvir, está específico, está poético, tem ritmo e o final está encantador. Parabéns!”
E tu, tens alguma flor que te inspire a escrever?
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